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O Longo Caminho dos Cavalos

Evolução

A familia dos cavalos (Equidae) apareceu no registro fossil no Eoceno, aproximadamente 55 milhões de anos atrásSifrhippus sandrae (também conhecido como Eohippus pernix ou Hyracotherium sandrae) era do tamanho de um cachorro e procurava comida em florestas quentes da América do Norte. Seus dedos se espalhavam para pisar no solo húmido e mole, sua dentição era própria para comer folhas.

Quando as temperaturas começaram baixar no Miocenohá 20 milhões de anos, parte das florestas cederam para estepes. Esse novo habitat deu oportunidades para novas espécies de equidios. Começaram a aparecer espécies maiores que se apoiaram em um dedo só e tinham dentição para comer gramineas. Um exemplo é o Dinohippus, que vivia 10 milhões de anos atrás e é visto como uma ligação para os cavalos modernos, do genero Equus.

Uma análise do genome de fosseís e de equinos modernos, feito em 2013, indica que o ancestral comum do genus Equus (cavalo, przewalski, zebra e asnos) vivia uns 4-5 milhões de anos atrás, no Plioceno, na América do Norte.

Nessa época espécies de Equus migravam via o Estreito de Beringia foram para Asia, Europa e Africa e através do Isthmo de Panama para América do Sul,  Os cavalos originais das Américas foram extintos, provavelmente por causa de uma combinação de mudança climatica e caça pelos humanos. Os ultimos fosseís são datados de 8- 12 mil anos atrás.

Na Africa se desenvolveram os Zebras (3 espécies) e o Asno Africano (jegue). Na Ásia se desenvolveram os os cavalos verdadeiros (Equus caballus e Equus przewalski) e dois especies de Asno, o Kiang e o Onager. Os cavalos também chegaram na Europa via Ásiia e o cavalo selvagem é geralmente chamado de Tarpan.  Esse é o cavalo que nos vemos nas pinturas rupestres de 20-30 mil anos atrás e é o ancestral selvagem direto do cavalo moderno. O Tarpan provavelmente foi extinto no século 19, devido a uma combinação de cruzamento com cavalos domésticos e caça dos cavalos selvagens.

Imagem da coleção de selos de Instituto Homo Caballus

Domesticação

Sabemos das pinturas rupestres e achados fosseís que os cavalos pre-historicos eram caçados intensamente. Nas Américas foram provavelmente extintos por causa disso. Por que isso não aconteceu na Eurasia?

Na realidade, o cavalo quase foi extinto lá também, mas foi salvo porque os humanos descubriram que podiam domar e domesticar os cavalos. Onde e como foi ainda está sob discussão. Domesticação vai além de domar animais selvagens para convivência com os humanos. Implique também que, através de seleção dirigida, os humanos adaptam a espécie para atender as necessidades humanas. 

Um dos primeiros lugares tem evidências de convivência entre humanos e cavalos é Krasni Yar no norte de Khazakstan. Lá se acharam restos de cavalos, corrais e uso de prdutos de cavalos de 3.500 – 3.000 anos A.C ligado a cultura Botai. Outros apontam para os Planicies de Kuban entre o Mar Negro e o Mar Caspio, Em Khvalynsk (Rússia) foram achados ossos de cavalos sacrificados juntos com animais domesticados e em Maykop (Rússia), além de ossos, se encontrou pinturas de cavalos dentro de um kurgan (túmulo típico da região).

Uma sela antiga (Ariane Janér)

Cultura Equestre

Inicialmente, os cavalos provavelmente foram montados para controlar manadas. Mas a parceria homo-caballus, apoiado com outras tecnologias fez  a “cultura equestre” se desenvolver e se espalhar rapidamente pelos estepes de Eurasia e outras regiões.

A domesticação de cavalos coincide com o aparecimento  da roda. A invenção de uma roda com aros e raios por volta de 2200 A.C. deu a possibilidade para a carruagem de guerra, onde uma pessoa dirigia os cavalos e outro poderia atirar com arco e flecha. Uma das primeiras imagens disso é dos Sumérios (Sul da Mesopotamia) Túmulos com cavalos e carruagens foram achados na cultura Sintashta (divisa Rússia com Khazakstan).

O uso de arco e flecha é mais antigo (10.000 A.C), mas foi a invenção do arco composto (2000 A.C), que permitia fazer arcos mais potentes e menores, permitindo seu uso encima de um cavalo montado. Com a evolução da sela, do estribo e da embocadura e também da equitação, os nomádes dos estepes viramam forças invasores poderosas na Europa, Ásia e a Norte da Africa.

Os Scytios foram um dos primeiros povos a dominar os estepes com base em arquearia montada. Surgiram por volta de 900 A.C na sul de Siberia e chegaram a controlar uma área da Montanhas dos Carpátos até China Occidental. Suas lutas com os Gregos, os Assirios e os Persos são famosas. 

Seus grandes túmulos ou Kurgans,ainda estão espalhados nos estepes. Os que foram excavados mostram a sua rica cultura e arte e sua intima ligação com cavalos, que foram enterrados, O permafrost ajudou a preservar os corpos de homens, seus vestimentos, suas armas, suas joias, os cavalos e material equestre. O material equestre indica que os Scítios devem ter sido exímios cavaleiros, que não precisavam de embocaduras crueis para montar seus cavalos.

Montanhas Altai, onde muitos túmulos foram encontrados (Bengt Janér)

Analise do DNA retirado dos restos dos cavalos de Sintashta e dos Scitios revela que esses povos já criaram cavalos e selecionaram para cor, velocidade, andadura e estamina e provavelmente para docilidade. Nessa época ainda tinha uma boa variedade genética de cavalos machos.

Um recente estudo de cavalo modernos mostra que a seleção dos humanos na linha paterna eliminou essa variedade. Hoje quase todos os garanhões tem o chromosomo Y descendente de  apenas 2 linhagens de cavalos de origem oriental (Turkoman ou Árabe). Só raças como o Fjord, Islandês e Shetland tem descendencia diferente.

Nos livros de Bjarke Rink e o Curso Desvendando o Enigma do Centauro tem muito mais sobre a historia e cultura equestre